“Static Shot” + “a folia” – CCN/Ballet de Lorraine
Programa duplo do Centro Coreográfico Nacional – Ballet de Lorraine (França), que apresenta no CCB duas encomendas: Static Shot, de Maud Le Pladec, e a Folia, do coreógrafo português Marco da Silva Ferreira.
Static Shot
«Imagino um dispositivo cénico muito específico, situado entre a peça coreográfica, a instalação cénica e o dispositivo cinematográfico. A dramaturgia da peça, concebida como um bloco de corpos, imagens e sons, não terá princípio, meio ou fim. Como num clímax permanente, o grupo de bailarinos sustentará esse pico em conjunto, com a energia sempre a precisar de ser mantida no seu auge. Como prever, então, as questões da tensão, êxtase e prazer partilhados? E quanto ao relaxamento, respiração ou perda? E se o prazer se tornar motivo de tensão? A dinâmica da peça – que vai do mezzo forte ao fortississimo – fará com que esteja sempre num crescendo, convidando os espectadores a participar num êxtase sem fim.» — Maud Le Pladec
a Folia
Com a Folia, Marco da Silva Ferreira parte de um fenómeno português do século XV para explorar os conceitos de êxtase, euforia e rebelião coletiva, como impulsionadores da construção cultural, política e artística.
A folia, pilar musical do Renascimento, tem origem na confraternização popular, onde pastores e pastoras dançavam de forma rápida e confusa, transportando aos ombros homens vestidos de mulheres. De origem rural, ligada a rituais de fertilidade, festas, música e dança, rapidamente acabou por marcar também as festividades da corte.
O termo «Folia» nasceu, em português, da associação à palavra fole – objeto utilizado para atiçar o fogo. E tem também uma estreita ligação com a palavra fôlego – que significa «respirar» – e folga – dia de descanso ou lazer. O folião/foliona – a pessoa feliz, liberta do trabalho, permite-se encher a cabeça e os pulmões de ar puro e comportar-se com loucura.
É desta teia de referências históricas, múltiplos significados e metáforas que este fenómeno derivou a sua relevância no passado. Com um pouco de provocação, dir-se-ia que este impulso também encontraria sentido no presente.
A partir deste contexto histórico, o coreógrafo organiza então um encontro ficcional entre o festival português de outrora e as danças contemporâneas.
Sexta, 21 fevereiro de 2025 20:00
Sábado, 22 fevereiro de 2025 19:00