
Presença francesa na Trienal de Design da Covilhã 2025

No âmbito da Trienal Design Covilhã 2025: Paisagens Têxteis, a conferência internacional «Os Dias da Primavera» (10 a 13 de abril) contará com a participação da designer Henna Burney, que apresentará a pesquisa desenvolvida no contexto do Atelier Luma, um think-tank, laboratório de investigação e plataforma de produção com base em Arles, França. Especificamente, Burney falará da aplicação de elementos de sal no design e na arquitetura, explorando as propriedades materiais deste material em técnicas como a impressão 3D, a prensagem e a cristalização. Nesta ocasião, será também exibido o filme Mur de Sel / Wall of Salt, de Alexandre Humbert, que documenta este trabalho de investigação no contexto da Camargue.
No encerramento da Trienal, um segundo momento de destaque da presença francesa está previsto para os dias 19 e 20 de junho, com os designers Alexandre Humbert e Samy Rio. Humbert apresentará dois filmes que olham para diferentes abordagens de design bioregional, e Rio apresentará a sua metodologia de trabalho, tal como se manifesta nos seus projectos Uprooted e na coleção Raw. O programa inclui uma sessão especial de filmes, e uma conversa moderada entre os dois designers.
Projetos Franceses na Trienal Design Covilhã 2025
Exposição Internacional
Aqui, agora: Percursos bioregionais e práticas situadas
Salt Panels – Henna Burney, Atelier Luma
Como elemento central do ecossistema local, o sal é um elemento característico da paisagem de Arles, no sul de França. A sua abundância torna-o um importante produto de exportação, mas também oferece oportunidades para repensar as suas formas tradicionais de utilização. Através de um processo de investigação liderado pela designer Henna Burney, o Atelier Luma desenvolveu técnicas para aplicar elementos de sal no design e na arquitetura, explorando as propriedades materiais deste material em técnicas como a impressão 3D, a prensagem e a cristalização. Os resultados destas explorações permitem a utilização de elementos de sal em contextos inesperados e invulgares. Os painéis de parede aqui apresentados são produzidos nas salinas da Camargue, nos arredores de Arles, através de um processo de cristalização em moldes, que pode ser visto no vídeo de Alexandre Humbert. Este processo, que depende apenas do sol e do vento para a sua materialização, pode ser descrito como carbono negativo.
O sal é uma das primeiras linhas de investigação do Atelier Luma, paradigmática da atitude geral deste think-tank, laboratório de investigação e plataforma de produção, lançado em 2016 como parte integrante da iniciativa Luma Arles. Ao explorar ativamente as questões do sal à medida que se manifestam na região de Camargue, envolve designers, cientistas e especialistas locais para discutir desafios futuros e explorar em conjunto possíveis soluções.
Líder de projeto – Henna Burney, Atelier Luma
Designers – Karijn Sibbel, Alexandre Echasseriau
Vídeo – Alexandre Humbert
Localização – Arles, France
Datas – 2016
Parceiros – Laboratoire de Chimie Agro-industrielle (INRA/INP-ENSIACET), Les Salins du Midi
Uprooted, Raw Chair – Samy Rio
“Espécies invasoras” é um termo genérico para plantas exóticas que colonizam e prejudicam a biodiversidade nativa dos ecossistemas em que se instalam. Implantadas acidentalmente durante atividades humanas, são testemunhas e consequências da globalização, bem como marcadores da transformação do clima e do território. O seu impacto, tantas vezes negativo, faz com que sejam objeto de remoção regular.
Em vez de destruir estas espécies invasoras pela sua suposta perigosidade e natureza não endémica, o projeto Uprooted de Samy Rio com o Atelier Luma, considera-as como uma potencial matéria-prima. O designer começou por realizar uma cartografia destas plantas na Camargue, no sul de França, esclarecendo as suas propriedades e o seu potencial para criar objectos inovadores e sustentáveis. Após esta cartografia, a investigação continuou a explorar o seu potencial na produção de vários produtos. Entre eles, o banco de 3 kg aqui apresentado, que combina duas espécies que se encontram normalmente juntas na natureza: um favo de mel de Sanguinária-do-Japão (Fallopia japonica) e três folhas de Falsa-acácia (Robinia pseudoacacia), montadas com látex pré-vulcanizado. Samy Rio aplicou uma metodologia semelhante no desenvolvimento da cadeira Raw, feita de ramos e pranchas de castanheiro coletados e trabalhados localmente no Parque Nacional de Cévennes, também em França, onde integram tradições seculares de utilização.
Projeto – Samy Rio
Fotografias – Joana Luz, Victor Picon, Samy Rio
Localização – Arles, França / Cévennes, França
Datas – 2109 (3k bench, Uprooted), 2023 (Raw Chair)
Parceiros – Uprooted: Atelier Luma, Agromat Tarbes, Ensiacet Toulouse, Cirad Montpellier, Ensait Roubaix, Parc naturel regional de Camargue, Marais du Vigueirat, CBNmed Porquerolles, Guatecs Le Mans, Menuiserie Fouques Arles, TEDAC association La Grande Combe, Parc des Calanques Marseille, potentiellement Arts et Métier de Cluny, CRITT Horticole Rochefort, TRAJNA (Slovénie), Mimcord. Raw Chair: Atelier CHATERSèN, Cévennes National park
Champs colorés – Manon Jacob
Champs colorés (Campos coloridos), o projeto de tese de Manon Jacob na L’ENSCI – Les Ateliers, a principal escola de design em França, é uma coleção de gráficos coloridos que exploram o potencial de tingimento de oito subprodutos agrícolas da região de Arles, no sul de França. As cores obtidas da vinha, castanha, romã, azeitona, cebola (amarela e vermelha), alcachofra e cenoura são combinadas através da tecelagem. Este processo alarga a variedade cromática através da combinação de cores e da criação de novas tonalidades, mostrando como estes recursos cromáticos podem ser utilizados no domínio têxtil de um modo mais alargado.
Na sua pesquisa, Jacob recorreu ao conhecimento acumulado do Atelier Luma, um laboratório de investigação em design que, desde 2016, explora o importante papel da cor no território arlesiano. Através da colaboração com especialistas locais em cor, esta pesquisa mergulha profundamente no estudo dos pigmentos e tons, procurando definir novos limites, usos e significados para a paleta de cores local. Utilizando a riqueza das paletas de Arles e Camargue, é possível explorar o seu impacto nas percepções presentes e futuras do território.
Projeto – Manon Jacob
Desenhos – Manon Jacob
Localização – Arles, France
Datas – 2023
Parceiros – Atelier Luma