Homo Urbanus. A Citymatographic Odyssey by Bêka & Lemoine
Através de uma análise minuciosa da forma como as pessoas habitam, adaptam, se apropriam ou lidam com os espaços que enquadram as suas vidas, os artistas e cineastas Bêka & Lemoine evidenciam o modo como as pessoas e os lugares se influenciam mutuamente, revelando como o ambiente construído influencia o nosso estado físico, psicológico e emocional.
Paralelamente à realização de um conjunto de filmes que procuram humanizar a forma como a arquitetura é entendida e representada, Bêka & Lemoine têm vindo a viajar pelo mundo desde 2017 para explorar a ideia da cidade como ecossistema, observando as peculiaridades da espécie que designam como Homo Urbanus no habitat internacional que aquela vai construindo — e através do qual se constrói.
No MAC/CCB, a maior apresentação até à data deste amplo projeto inclui mais de 13 horas de filmes de 13 cidades distintas — de Rabat a Veneza, passando por Tóquio e Mumbai. Com uma curiosidade sem fim e uma proximidade invulgar, Bêka & Lemoine reúnem evidências recolhidas nos vários laboratórios locais desta grande experiência global em torno do viver-em-conjunto. Olhando a rua como um grande palco onde as ações do quotidiano se desenrolam, esta épica instalação de vídeo de uma pura observação cinematográfica convida o visitante a participar numa longa viagem pelo espaço urbano global. Organizada em três zonas com diferentes lógicas editoriais e experienciais, esta mostra propõe uma reflexão sobre como o olhar pode, em si, ser um ato de edição.
No centro desta exposição, espelhando os encontros espontâneos subjacentes à produção das películas, apresenta-se uma composição em constante mutação de quatro filmes gerados a partir das 13 impressões citadinas que, até agora, compõem Homo Urbanus. Os sons e imagens de diferentes cidades, justapostos coreograficamente num jogo de acaso, criam um diálogo que convida o público a examinar com atenção e comparar situações urbanas específicas.
Através deste abrangente e vívido retrato das condições da vida contemporânea, o universal e o específico, o vulgar e o estranho, e o coletivo e o individual entram em diálogo para destacar as relações — tanto com o espaço como entre as pessoas — que as cidades orientam e refletem. Neste sentido, a objetiva corporizada de Bêka & Lemoine cria um cinema de gestos que propõe uma «inversão na maneira como imaginamos a cidade: da vida para os edifícios — e não o contrário.»
No âmbito do programa MaisFRANÇA.