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Apresentação do livro “Apologia da história ou o ofício de historiador” de Marc Bloch

7 Março 2025 (19:00)
Mediateca Institut français du Portugal

 

Oitenta anos depois do assassinato do seu autor pelos nazis, esta obra póstuma de Marc Bloch, que aqui ganha uma nova tradução, continua a irradiar uma força carismática. O livro “Apologia da história ou o ofício de historiador” publicado nas edições 70 será apresentado por Maria Lurdes Rosa (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa) e Victor Pereira (Instituto de História Contemporânea, Universidade Nova de Lisboa), na Mediateca do Institut français du Portugal, dia 7 de março às 19h.

 

O que é a disciplina histórica? Sobre o que trata a história: sobre o passado ou sobre os seres humanos no tempo? O passado ilumina o presente e é possível tirar lições da história, ou será antes o presente que interroga constantemente o passado sob novas perspetivas e em função dos desafios contemporâneos? O que é uma notícia falsa e como realizar uma análise crítica dos documentos que permita distinguir o verdadeiro do falso? Deverá a história limitar-se a estabelecer factos ou deve também ter como objetivo dar conta das dinâmicas culturais e sociais de longa duração, bem como das interpretações que os próprios atores dão dos factos ou acontecimentos de que foram testemunhas?

Estas são algumas das grandes questões colocadas pelo historiador Marc Bloch entre 1941 e 1942, num contexto em que a Segunda Guerra Mundial está no auge e os judeus – incluindo ele próprio – são perseguidos pelos ocupantes nazis e pelo regime de Vichy.

Antigo combatente da Primeira Guerra Mundial, testemunha da estranha derrota de 1940 e prestes a entrar na Resistência, procura responder a estas interrogações na sua obra Apologia da História ou o Ofício do Historiador. A edição 70 apresenta agora uma nova tradução para português, acompanhada por um rico prólogo de Diogo Ramada Curto, diretor da Biblioteca Nacional. Trata-se de uma obra fundamental onde Marc Bloch, pai da Escola dos Annales, ao lado de Lucien Febvre, estabelece as bases de uma disciplina histórica plenamente científica. Tanto na metodologia como na definição dos objetivos, Bloch rompe com o legado positivista do século XIX e início do século XX, delineando os contornos de uma autêntica revolução historiográfica.

Grandes historiadores como Fernand Braudel, Georges Duby, Jacques Le Goff, Lucette Valensi e Nathan Wachtel seguirão o seu legado, praticando uma história cultural atenta às mentalidades e às múltiplas temporalidades, privilegiando a metodologia genealógica, construindo uma história regressiva e alargando os horizontes dos passados não concretizados.

Fuzilado pelos nazis em 1944, Marc Bloch, militante da história e da liberdade, deixa uma obra póstuma de grande envergadura, que convida a praticar a história com paixão, integridade moral e sentido de responsabilidade. A sua visão do historiador e da metodologia histórica posiciona-os como vetores fundamentais para a construção de uma sociedade plenamente democrática. Esta nova tradução para português sublinha a atualidade do seu pensamento, num tempo marcado pela proliferação de fake news, narrativas conspiracionistas e pelo ressurgimento de formas autoritárias de exercício do poder.

Figura incontornável da historiografia e da Resistência, Marc Bloch entrará no Panteão em 2025.

 

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