Quatro coreógrafos franceses de renome no Festival DDD 2023
© Emmanuel Eggermont, All over Nymphéas
DDD – Dias Da Dança é o maior festival de dança contemporânea em Portugal. Com um programa nacional e internacional, promove a excelência artística e a descoberta, entre as cidades do Porto, Matosinhos e Gaia. É um evento incontornável tanto para os amantes da dança contemporânea como para os profissionais internacionais.
Em 2023, o festival acolhe quatro companhias/coreógrafos franceses de renome: Flora Detraz, Vânia Vaneau, Emmanuel Eggermont e a Companhia DANS6T.
“Ritual da Vida” de Bouziane Bouteldja/DANS6T
22.04.2023 – 18h – Casa da Arquitetura – Matosinhos
Partindo de gumboot, pantsula, gnawa e outras danças tradicionais, Bouziane Bouteldja explora corpos em movimento contínuo e rituais ancestrais, enquanto dança e espera por dias melhores. Usando elementos naturais e materiais como a água, o solo e a areia, o coreógrafo francês cria uma peça que faz alusão à história do Sapiens, questionando a história das migrações e os grandes movimentos de exploração do mundo. Esta peça cria uma ligação entre o passado e o presente, explorando as motivações desses movimentos e questionando a nossa perceção do Outro. — Bouziane Bouteldja
“Muyte Maker” de Flora Détraz
22.04.2023 – 17h / 23.04.2023 – 15h – Café Teatro Campo Alegre – Porto
Através da exploração de imagens medievais, cantigas triviais e pinturas grotescas, Muyte Maker celebra os corpos insubmissos e irracionais. Examina a alegria como posicionamento físico e existencial: a alegria enquanto desejo e potencial criativo, remando contra a maré da moralidade, e enquanto distorção física ou contradição. As quatro mulheres em cena cantam copiosamente, riem polifonicamente, dançam cegamente e conversam cacofonicamente, para traduzir toda a complexidade dos seus próprios corpos. — Flora Détraz
“Nebula” de Vania Vaneau
23.04.2023 – 17h – Auditório Serralves – Porto
Na peça NEBULA, Vania Vaneau aborda o corpo humano na sua relação com a natureza como um encontro de campos de força num contexto pós-apocalíptico. Uma espécie de arqueologia do futuro, NEBULA reflete sobre que outras relações com o tempo, a produção, a terra e as quimeras poderiam emergir para desenhar uma nova cosmogonia. Que mutações e hibridizações podem ocorrer do caos? Acompanhada por Célia Gondol, artista visual e cenógrafa, os músicos de Puce Moment (Nico Devos e Pénélope Michel) e Abigail Fowler na criação da iluminação, Vania Vaneau centra a sua investigação na relação com materiais e gestos ao mesmo tempo arcaicos e telúricos, de metamorfoses e aparições. Trata-se de revelar o estado original dos elementos, de criar rituais de cura, de fertilizar o espaço e de explorar as noções de catarse e de êxtase.
“All Over Nymphéas” de Emmanuel Eggermont
26.04.2023 e 27.04.2023 – 21h30 – Campo Alegre – Porto
All Over Nymphéas é inspirado em nenúfares, uma visão idílica, representada muitas vezes por Claude Monet, na qual o pintor francês desdobrava, em resposta às atrocidades da guerra, o motivo único do lago do seu jardim em Giverny. Transferindo essa abordagem para os tempos conturbados de hoje, a peça parte da noção de “motivo” para criar a arquitetura de uma paisagem fragmentada onde reina a metamorfose. O motivo é visto como um elemento pictórico que vai do realismo à abstração, tema do princípio de série explorado nas artes plásticas, na arquitetura, na música. Tal como os nenúfares de Monet, All Over Nymphéas é um jardim gráfico e hipnótico, cuja expansão de motivos revela a efervescência das nossas motivações mais profundas. Esta peça é dedicada a Raimund Hoghe. — Emmanuel Eggermont