Livros – Estreias do mês de outubro de 2024
Autodefesa. Uma filosofia da violência de Elsa Dorlin
Será a autodefesa legítima em contextos onde imperam o racismo, o sexismo ou a homofobia? Esta é uma questão crucial quando falamos de violência política, tema central deste ensaio exaustivo e provocador. Da resistência à escravatura na colónia francesa de São Domingos à protecção armada das comunidades negra e gay nos EUA na década de 1960, passando pela prática do jiu-jítsu entre as sufragistas em Inglaterra, Autodefesa: Uma Filosofia da Violência (2017) traça a genealogia de grupos e movimentos políticos que recorreram a métodos violentos para se protegerem. Inspirando-se no pensamento crítico de Frantz Fanon, Judith Butler ou Michel Foucault, este livro reflecte sobre a ética do confronto em situações de opressão legitimada pela sociedade e pelo Estado. Um verdadeiro manual para «desaprender a não lutar».
Submersos. Como recuperar a liberdade num mundo demasiado cheio de Bruno Patino
«[..] Mas chegaram então os ecrãs e, com estes, a ligação permanente. A luz azulada que nunca se apaga, o brilho que nunca se extingue. Despertos, esgazeados, atónitos, somos irremediavelmente atraídos pela sua luz. Tornámo-nos borboletas. Os nossos olhos já não se fecham. Foram-se as insónias, chegou a vigília, o tempo dos guardas-nocturnos, daqueles para quem a noite já não é mais do que uma sequência hipnótica entre mau sono e má ligação. Sou um deles.»
Assim escreve Bruno Patino nas páginas deste livro profético. O peixe vermelho, sobre o qual dissertou no livro A Civilização do Peixe Vermelho já desapareceu, foi engolido por um imparável dilúvio de ícones, textos, imagens, sons.
História total da segunda guerra mundial de Olivier Wieviorka
Este livro nasceu de uma constatação paradoxal. Embora pareça que estamos submersos em livros sobre a Segunda Guerra Mundial, na verdade existem poucas grandes sínteses sobre o assunto – e nenhuma com a amplitude daquela que Olivier Wieviorka nos oferece. Fruto de quase dez anos de trabalho, esta obra inova, em primeiro lugar, pela sua abordagem global, que a distingue dos seus ilustres antecessores anglo-saxónicos (Beevor, Liddell Hart), centrados na guerra propriamente dita. O historiador aborda todas as frentes: a Europa, evidentemente, mas também a Ásia-Pacífico (muitas vezes negligenciada, em particular a China), o Norte de África e o Médio Oriente. Ele interessa-se, ainda, por todos os atores (Canadenses, Australianos, Indianos…) e cobre todas as áreas – militar e estratégica, como seria de esperar, mas também ideológica, económica, logística, tecnológica… – sem esquecer a história cultural, social e memorial, muitas vezes tratada (quando o é) como uma área secundária. O resultado é um grande relato extremamente bem escrito e estruturado, que demonstra até que ponto este conflito foi verdadeiramente mundial e total. Uma obra já considerada um grande clássico, agora numa nova edição revista e enriquecida.